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quarta-feira, 29 de abril de 2009

O dia 25 de Abril no País e em Espinho

Daqui Rádio Gali, a nossa emissão assume um sentido comemorativo de um acontecimento importante para o nosso País – 25 de Abril de 1974.
Caros ouvintes, a Rádio Gali fez um regresso ao passado.
Desde 1928, Portugal vivia uma Ditadura Nacional. Pois bem, o nosso País era dirigido por militares, sendo o General Óscar Carmona o Presidente da República. É nesta altura, meus sinceros ouvintes, que surge António Oliveira Salazar, Ministro das Finanças.

Foto: António Salazar

* Julho de 1932 marca a entrada de Oliveira Salazar como Presidente do Conselho de Ministros, o equivalente ao Primeiro-ministro actualmente.
* 1933 marca o inicio do Estado Novo, com a aprovação da Nova Constituição. Era a ditadura, era a ditadura que estava a nascer, em que Salazar mandava em todos, não deixava liberdade para o povo.
Alguns documentos do Arquivo Municipal de Espinho demonstram as vivências do nosso País durante o Estado Novo. Os segredos, as regras... estão presentes nestes documentos.


Edital do Ministério do Interior sobre Estrangeiros em Portugal - 10 de Dezembro de 1972

Documento do Arquivo Municipal de Espinho

Pedido de Atestado de Boa Conduta - 13 de Fevereiro de 1974
Documento do Arquivo Municipal de Espinho


Documento Confidencial com autorização de lançamento de panfletos - 8 de Julho de 1968

Documento do Arquivo Municipal de Espinho


A Pátria era o mais importante. «Deus, Pátria, Família».
Salazar foi a figura mais marcante do Estado Novo, mas não podemos esquecer Marcelo Caetano, que foi também Presidente do Conselho de Ministros. Este último, Presidente no dia 25 de Abril de 1974.


Foto: Marcelo Caetano

O 25 de Abril de 1974, a conhecida «Revolução dos Cravos» aconteceu e a liberdade nasceu.

Sabem quem organizou esta Revolução? Os próprios militares que eram usados para manter as colónias portuguesas, mesmo depois da 2ª Guerra Mundial.
A Guerra Colonial não tinha fim à vista, desde 1961, as famílias viam os seus filhos partirem para uma guerra longe de casa e durante 3 anos, na Guiné-Bissau, em Moçambique, em Angola.

Vamos Seguindo os acontecimentos da Revolução dos Cravos...

Noite de 24 de Abril de 1974, pelas 22 horas, um senhor chamado Otelo Saraiva Carvalho, fardado com blusão de cabedal, chega ao regimento de Engenharia Nº1, na Pontinha. Em conjunto com outros oficiais, instalam o posto de comando num pequeno anexo com as janelas tapadas por alguns cobertores. Em cima da mesa uns papéis e um mapa das estradas.

22:55

Passa o primeiro sinal nas «Emissoras Associadas de Lisboa».
E Depois do Adeus – Paulo de Carvalho
Relembro que esta música venceu nesse ano o Festival da Canção de RTP


0:20

A segunda senha é dada pela «Rádio Renascença»
Grândola Vila Morena – Zeca Afonso

É nesta altura que uma grande parte das Forças Armadas põe-se em movimento. No seio de várias manobras militares, a residência do General Spínola é protegida.

4:26

O jornalista Joaquim Furtado fala pela primeira vez do Posto de Comando das Forças Armadas. Apela ao povo para recolher a casa.


4:45

O Jornalista Joaquim Furtado realiza a leitura do segundo comunicado.
5horas
O Major Silva Pais, Director-Geral da PIDE informa Marcello Caetano, Presidente do Conselho, dos acontecimentos e aconselha-o a refugiar-se no Quartel do Carmo.

6horas

Marcelo Caetano entra no edifício do Quartel e Salgueiro Maia, sabendo do acontecimento, dirige-se para o Largo do Carmo, cercando o quartel.
Marcelo Caetano fica no seu interior com blindados apontados, ouvindo gritos de revolta contra a ditadura do Estado Novo e contra a Guerra Colonial.


Foto: Salgueiro Maia


Sem qualquer resposta por parte de Marcello Caetano, Otelo envia um bilhete escrito a Salgueiro Maia – «Com metralhadoras rebenta com as fechaduras do portão que é para saberem que é a sério».


15:25
Obedecendo a Otelo Saraiva de Carvalho, as metralhadoras disparam contra a fachada.

18h

O General Spínola chega de automóvel com a farda nº1 e Caetano entrega-se a Spínola e pede-lhe protecção.
Pelas 20horas, no Rádio Clube Português, é lida a «Proclamação do Movimento das Forças Armadas». O Estado Novo cai!


Em Espinho, o acontecimento não é esquecido! Passando então, a ler a declaração feita na Reunião de Câmara do dia 2 de Maio de 1974, pelo Presidente Doutor Manuel Ferreira Baião dos Santos

A Câmara Municipal de Espinho, constituída por pessoas que nunca tiveram qualquer filiação partidária, e que subiram os degraus do edifício municipal unicamente determinadas pelo propósito de servir Espinho, delibera por unanimidade: - Primeiro – Saudar calorosamente as Forças Armadas pelo movimento ímpar que realizaram e que ficou a assinalar um dos mais brilhantes feitos de toda a sua História; - Segundo – Manifestar à junta de Salvação Nacional o seu incondicional apoio à proclamação divulgada fazendo votos pelo seu fiel cumprimento, dentro do espírito que animou o Movimento Militar e inspirou a Proclamação; Terceiro – Dentro destes princípios, comunicar à Junta de Salvação Nacional que os membros da Câmara Municipal de Espinho se comprometem a assegurar a continuidade da Administração Municipal enquanto o julgarem necessário[…]”



Para completar a nossa emissão…
Informamos que esta Revolução não teve violência, o Povo ofereceu cravos aos militares que foram colocados nos canos das armas. Os Cravos simbolizaram o renascer da vida e da mudança. A operação «Fim do Regime» foi um sucesso.

Obrigado a todos os ouvintes deste regresso ao passado, continuem com a Rádio Gali.
Despeço-me, até amanhã.

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